Race Test, Kawasaki KX 450 50th Anniversary Edition

Race Test, Kawasaki KX 450 50th Anniversary Edition

A Kawasaki KX comemora cinco décadas de motocross e, para celebrar esse momento importante, lançou o modelo KX450 50th Anniversary Edition, que já está disponível nas concessionárias da marca. Venha com a nossa equipe acelerar esta novidade da marca nipônica.

A história da Kawasaki KX no fora de estrada iniciou em 1973, quando ela apresentou seus modelos de 125cc, 250cc e 450cc com motores 2 tempos. E já em 1974, o americano Jim Weinert conquistou o título americano na categoria 500cc. A marca seguiu acumulando inúmeros títulos nos Estados Unidos, inclusive com pilotos que se tornaram lendas do esporte, como Jeff Ward, Ricky Carmichael, Ryan Villopoto, James “Bubba” Stewart e Eli Tomac. Ainda nos Estados Unidos, a Kawasaki teve grande sucesso na categoria das 250cc com a equipe Pro Circuit, que tem 18 títulos americanos.

No Mundial, ela não teve tantos títulos. O primeiro piloto a vencer com uma motocicleta da marca foi o belga supercampeão Stefan Everts, em 1995 (250cc), e depois com os franceses Sébastien Tortelli (125cc em 1996 e 250cc em 1998) e Mickael Maschio (125cc em 2002). Finalizando as conquistas no Mundial, o também francês Christophe Pourcel levantou o troféu de campeão da MX2 em 2006. Além dos títulos da francesa Livia Lancelot e da inglesa Courtney Duncan no Mundial de Motocross Feminino.

Vale pontuar que o primeiro modelo de motocross da Kawasaki com motor 4 tempos foi em 2004, a 250F construída em parceria com a Suzuki. Dois anos depois chegou a 450F, quando a parceria com a concorrente terminou. 

Durante os últimos anos, a linha motocross recebeu muitas alterações, e isso se repetiu na KX450 2024, que teve como plataforma o protótipo utilizado desde o ano passado pela equipe oficial do Mundial de Motocross. Para completar seu lineup e celebrar os 50 anos da linha, a Kawasaki lançou o modelo limitado 50th Anniversary Edition, que manteve todas as novidades do modelo de série 2024 e apresenta gráfico similar aos modelos da linha 1990, com number plates brancos, garfo dourado, aros sem pintura, protetores de bengalas brancos e adesivo Uni-Track no braço oscilante.

Antes do teste, vale destacar as principais mudanças da linha 2024, a começar pelo visual, que apresenta novos number plates traseiros, aletas dos radiadores e para-lama traseiro – number plate e para-lama dianteiros permaneceram os mesmos da versão anterior. Uma curiosidade é que o acesso ao cilindro de nitrogênio para regulagem do amortecedor ficou mais apertado, pois ele fica agora no lado esquerdo da motocicleta e a aleta do radiador oferece pouco espaço para realizar a regulagem.

O motor apresentava novo design, principalmente o cabeçote. Tudo mudou desde a fase de admissão até a de exaustão, apresentando agora um fluxo mais “direto” e linear, passando por portas e válvulas simétricas no cabeçote. O sistema de escapamento também é novo, com saída no centro do cabeçote e curva mais próxima do motor, evitando a chapa térmica. E o silenciador foi movido 85 mm para a frente e ganhou novo design (triangular). Mudaram ainda o corpo de acelerador e a biela ficou 5 mm mais longa. Segundo a Kawasaki, o motor ganhou maior potência e torque em alta rotação e a curva de torque ficou mais linear ou suave.

 

Já o chassi ganhou nova geometria – a medida mais notável foi a redução de 1 grau no ângulo do tubo de direção, favorecendo as curvas – e ficou um pouco mais estreito, favorecido pelo novo posicionamento do amortecedor traseiro (com o cilindro de nitrogênio para o lado direito). E os quatro furos para a fixação dos suportes do motor permitem utilizar suportes especiais.

A nova caixa do filtro de ar é menor que o modelo anterior e o acesso continua pelo number plate esquerdo, sem exigir o uso de ferramenta. O filtro de ar é bem fino, que deve ficar sujo com mais facilidade. 

A Kawasaki utiliza garfo da Showa de 49 mm, mas a primeira coisa que se nota é a ausência do revestimento DLC na parte inferior. No entanto, a redução no atrito com a ausência do custoso revestimento foi obtida com aprimoramento interno. O amortecedor traseiro foi revisado e ficou mais curto, com o diâmetro do corpo aprimorado e redução de atrito.

Outro destaque é a eletrônica. O módulo na traseira da motocicleta permite o uso do aplicativo Kawasaki Rideology no smartphone, para acesso a mapas de combustível e ignição diferenciados. Ainda encontramos o controle de largada (Launch Control), que é acionado pressionando o botão de Modo de Potência (M) – não há mais plugues – e Controle de Tração (T) simultaneamente, com uma luz roxa indicando sua ativação. No Controle de Tração (KTRC), a luz verde sólida indica a seleção da intervenção baixa e a luz verde piscando, a alta. E você pode escolher entre dois mapas de entrega de potência. 

 

Para finalizar destacamos o novo disco traseiro, de 240 mm (antes de 250 mm); componentes ajustáveis Ergo-Fit, para melhor posicionamento, como as pedaleiras, que podem ser reguladas em 5 mm; embreagem hidráulica (similar à da KTM); novo cubo traseiro com 58 mm de largura (antes tinha 46 mm), aumentando a rigidez na traseira; tanque de combustível de 6,2 litros; e peso (seco) de 108 kg.

Como o modelo de série, a edição limitada já está sendo comercializada pelas concessionárias da marca, ao preço sugerido de R$ 67.990 (mais frete).

COMPORTAMENTO – Para acelerar o modelo limitado contamos com a colaboração do piloto Ricardo “Kaphê” Sebbe, que encontrou o fotógrafo Idário Café no centro de treinamento Motul Off Road Park, em Mogi das Cruzes. Acompanhe a seguir as impressões do piloto. 

“Eu estou pilotando as motos da marca Kawasaki desde 2005 e pude acompanhar a evolução dos modelos off-road, em especial as KXFs. Acredito que todos os pilotos que experimentaram o novo modelo 2024 da KX450  saudaram os engenheiros da Kawasaki. Primeiramente, devemos esquecer os modelos de 2019 a 2023 e apreciar o novo layout do conjunto, chassi, motor e suspensão, que deixaram a moto 2024 mais compacta e, em conjunto com o novo design dos plásticos, ainda mais racing.

Pilotando a nova versão, percebe-se que a moto é bem mais ‘fina’, característica atribuída às alterações efetuadas na geometria do novo chassi – favorecendo bastante a movimentação do piloto –, que provavelmente também influenciou positivamente na sensação frontal nas entradas das curvas.

O motor entrega uma potência homogênea em todas as posições do acelerador. E com o novo pacote eletrônico, podemos gerenciar as configurações no botão Power Mode, que está localizado no lado esquerdo do guidão. É possível alterar a potência entre duas opções (máxima ou moderada). Particularmente, me adaptei melhor à opção moderada.

Para completar o assunto potência, os engenheiros forneceram um sistema inteligente que controla o nível ideal de derrapagem da roda traseira (KTRC), ajudando muito o piloto a pilotar em pistas escorregadias, com pouca aderência. Optei pela opção com intervenção alta, para me ajudar ainda mais na tração. Quando testamos o novo modelo, o piso estava molhado e gradeado, com pouca tração em alguns pontos da pista, e me senti mais seguro com essa configuração.

As suspensões também foram revisadas e evoluíram, são bem mais firmes do que as dos modelos anteriores. Nas recepções dos saltos, a absorção sempre foi perfeita, porém oriento os pilotos a ajustarem o setup. Assim, com certeza os resultados serão satisfatórios.

O disco de freio traseiro diminuiu o tamanho, evitando o travamento da roda traseira em freadas muito fortes. Eu gostei bastante dessa alteração. 

Essas alterações significativas no motor e nas suspensões se ajustaram perfeitamente ao novo chassi. Fiquei impressionado como a moto se comporta em curvas com canaletas de baixa velocidade e, ainda com poucos ajustes, a moto se comportou muito bem em longas retas e curvas de alta velocidade. Ou seja: é uma moto muito equilibrada.

É também uma moto mais fácil de pilotar, linear e suave em todas as condições, e você consegue mudar de direção com mais facilidade, porque ela é mais fina e compacta. Com as várias combinações entre os modos de potência e configurações de tração, o piloto consegue ter um motor com a potência ideal de acordo com o seu nível, atendendo assim a todos os níveis de pilotos”, finaliza Kaphê.

ESPECIFICAÇÕES

Motor: monocilíndrico, DOHC, 4V, refrigeração líquida

Cilindrada: 449 cc

Alimentação: Keihin, injeção eletrônica, corpo de 44 mm

Transmissão: 5 velocidades

Chassi: de alumínio, tipo perimetral

Suspensão dianteira: Showa, invertida, 49 mm de diâmetro, 305 mm de curso

Suspensão traseira: Showa, 307 mm de curso

Freio dianteiro: Brembo, disco de 270 mm de diâmetro

Freio traseiro: Nissin, disco de 240 mm de diâmetro

Tanque de combustível: 6,2 L

Peso (total): 112,3 kg

Adalto Gomes Filho

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