Honda Africa Twin 2024: Como ser feliz fora de estrada | Contacto

Honda Africa Twin 2024: Como ser feliz fora de estrada | Contacto

Depois da apresentação internacional da nova Africa Twin Adventure Sports, realizada em Portugal, no Algarve, a Honda Portugal juntou-se com a Honda Espanha para nos proporcionar 150 km aos comandos da nova versão standard da moto adventure de maior cilindrada da marca da asa dourada. Foi por solo espanhol que fomos conhecer as alterações realizadas para 2024 e aprender algumas coisas com o piloto Kirian Mirabet.

Com o ressurgimento da Honda Africa Twin em 2016, foi claro que a Honda pretendia voltar a entrar no mercado das motos trail em força, numa época em que a concorrência já era, também ela, muito forte. Mas com um nome tão impactante como o da Africa Twin, não demorou muito tempo até à marca da asa dourada ver o seu reinvestimento no modelo dar frutos. Surgindo primeiramente como CRF1000L, desde 2020 que a cilindrada foi aumentada, sendo agora este modelo denominado de CRF1100L. Depois da adoção de uma jante de 19” polegadas na vertente Adventure Sports para 2024, percebemos imediatamente que a versão standard estaria totalmente focada no fora-de-estrada.

Mais forte

A marca da asa dourada não revolucionou a Africa Twin para 2024, optando por renovar e melhorar aspetos que considerava essenciais para uma melhor experiência de condução. Foi o caso do bloco bicilíndrico em linha, que viu a sua cilindrada manter-se nos 1100 cc, mas com um incremento do binário de 7%, sendo notório essencialmente em médios regimes devido a modificações no sistema de escape e de componentes internos do motor. Sendo o mesmo que encontramos na vertente Adventure Sports (contacto que podem ler aqui), as sensações foram também elas idênticas, sendo que nesta apresentação circulámos 95% fora de estrada, ficando ainda mais patente o aumento do binário em médios regimes, uma vez que conseguimos circular em mudanças mais altas, com menos rotação, e mesmo assim obter uma boa resposta dos cerca de 100 cv disponíveis na Africa Twin. Os diferentes modos de condução também ajudaram a que conseguíssemos uma melhor resposta do acelerador nas diferentes situações, sendo os modos User aqueles que podemos personalizar e definir totalmente ao nosso gosto – ou quase, uma vez que não conseguimos desligar o ABS na roda dianteira, mas falaremos disso mais à frente. Em suma, o motor está mais cheio em todos os regimes, com melhor resposta e mais linear, nunca sentindo que faltasse potência nesta Africa Twin, mesmo quando circulámos em estrada em velocidades mais elevadas.

 

Calibrada para as aventuras

Um dos pontos fortes desta Africa Twin é a sua suspensão, sem qualquer dúvida. Na dianteira contamos com uma suspensão Showa totalmente ajustável com 230 mm de curso e na traseira, também a cargo da Showa, um mono amortecedor com 220 mm ajustável em compressão e amortecimento de ressalto. Dizer que estas suspensões funcionam muito bem fora de estrada e, acima de tudo, sentimos que estão muito bem calibradas para aventuras mais exigentes, funcionando de forma muito uniforme em todo o seu curso. Passar do alcatrão, onde sentimos que a Africa Twin está confortável, (e nos passa também conforto) para terrenos bem acidentados e com regos que podiam assustar os menos experientes, foi extremamente pacífico. E quando pensávamos que podíamos estar a chegar ao fim do curso das suspensões (e estávamos efetivamente) e que íamos ter dificuldades em lidar com uma reação mais estranha da moto, a Africa Twin manteve-se composta transmitindo sempre confiança. Conseguimos perceber que as suspensões estão efetivamente bem calibradas e que funcionam bem em todo o seu curso, para além de termos uma altura ao solo bem generosa de 250 mm. Nas mão certas, mesmo de origem, esta Africa Twin tem a capacidade de ultrapassar obstáculos que, à priori, poderíamos duvidar que fossem transpostos. Haverá também uma versão com suspensões eletrónicas, mas que não estará disponível no mercado ibérico, eliminando assim também a possibilidade de escolher a versão tricolor, ficando apenas disponíveis as versões vermelha e Preta.

Eletrónica completa… mas complexa

Certamente se leram o nosso contacto com a Africa Twin Adventure Sports, ou viram o nosso vídeo, perceberam que um dos aspetos que apontámos como futuras melhorias era a eletrónica da moto, não por funcionar mal, mas por ser extremamente complexo entender os menus e navegar nos mesmos. Pois bem, isto é algo que não é de agora, e a Honda parece não querer ceder nesse aspeto, sendo que a versão Standard mantém exatamente o mesmo painel superior e o pequeno LCD inferior que encontramos na Adventure Sports, com uma navegação entre menus extremamente complexa e algo confusa. Apesar disso, a verdade é que a tecnologia funciona bem e nunca sentimos que fosse intrusiva – pelo menos no alcatrão. Fora de estrada a história foi diferente. Uma vez que falamos de uma moto focada para circular fora de estrada, seria importante ter a capacidade de desligar o ABS na roda dianteira. É possível fazê-lo na roda traseira e ativar a funcionalidade Off-Road na frente, mas para ritmos um pouco mais elevados este acaba sempre por intervir quando menos esperamos e por vezes de forma pouco simpática. Segundo os próprios engenheiros japoneses, isto deve-se a uma prevenção a nível de segurança, para que não aconteçam acidentes. Dentro da tecnologia referir ainda a caixa DCT que fora de estrada surpreendeu pela positiva pela facilidade de condução que acrescenta, principalmente para condutores menos experientes, ainda que em algumas situações a decisão humana ainda continua a ser mais acertada nas passagens de caixa.

Viajar, curvar, sair de estrada…

A nova Africa Twin pode estar cada vez mais focada para circular fora-de-estrada, mas não deixou de nos impressionar pela sua capacidade de nos colocar um sorriso na cara em estradas encadeadas, ou em tiradas de autoestrada. Toda a ergonomia de condução desta big trail japonesa está em total sintonia com tudo o que pretendemos retirar dela. É verdade que o afastamento da versão standard e a versão Adventure Sports é cada vez maior, sendo cada vez mais claras as vantagens de uma comparativamente à outra, mas nem uma nem outra perdem o carácter da Africa Twin, seja em estrada ou fora dela. Se é verdade que para Portugal e Espanha a versão com suspensões eletrónicas não estará disponível, não sentimos que fosse essencial equipar esta moto com esse tipo de “regalias”. As suspensões Showa são muito boas a desempenhar as suas funções e com pequenos ajustes podem, facilmente, ficar bem calibradas para qualquer utilizador. A Honda Africa Twin está mais preparada para enfrentar terrenos difíceis, mas mantém uma enorme polivalência e capacidade estradista. E se é verdade que a concorrência está cada vez mais forte, a marca da asa dourada está também a subir a fasquia.

Adalto Gomes Filho

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