Entrevista, Maurício Fernandes, Diretor Power Husky

Entrevista, Maurício Fernandes, Diretor Power Husky
Essa entrevista foi feita pela REVISTA DIRT ACTION. e foi gentilmente cedida para o site Motoraid

Os irmãos Maurício e Raul Fernandes têm enorme experiência no setor e são apaixonados por motocicletas e esportistas, sendo que Maurício apresenta um currículo como piloto profissional com títulos nacionais, como do Sertões, e participações no Dakar. Além do amor pelo esporte, ambos atuam no mercado com o 2W & Fernandes Group, fundado em 2017, que representa grandes marcas internacionais de motocicletas, como a Royal Enfield, com a inauguração da primeira concessionária da marca no país, e a Husqvarna, com a Power Husky sendo inaugurada no ano seguinte, no badalado bairro paulistano de Moema. Eles também representam a Piaggio, a Fantic e a Goldentyre (pneus), entre outras marcas.

A Power Husky comercializa todos os modelos off-road da Husqvarna, além de patrocinarem campeonatos e equipes, com pilotos conquistando títulos brasileiros, como Luciano Rocha e Joaquim Neto no enduro e o jovem Pietro Piroli no motocross, que foram campeões na temporada passada em suas respectivas categorias. Para falar mais sobre a concessionária, mercado e competições, conversamos com o sócio – e amigo – Maurício, que comenta sobre as conquistas da temporada passada, a situação do mercado e o futuro do grupo.

DA – A temporada 2023 nas competições foi ótima para a marca, com títulos no motocross e no enduro. Você acreditava no início do ano que a temporada poderia ser tão produtiva?

MAURÍCIO – Na verdade, estamos realizando um trabalho nas competições desde 2019, e a cada ano estamos mais especializados na preparação de suspensões, motores e nas competições em geral. Eu e meu braço direito nas competições, Fabio Guerreiro, fazemos muitos cursos, para sempre nos aperfeiçoarmos nesse quesito. Em 2019, conquistamos o título brasileiro de enduro da E35 com o Nielsen Bueno. Em 2020 nós conquistamos o título brasileiro de rally baja na Over 40 – e vice na geral – e do Rally dos Sertões na Over 40 (10º na geral) com o piloto Maurício Fernandes (risos). Em 2021, estreamos com a equipe oficial no Brasileiro de Motocross e Arena Cross, e de cara fomos campeões na 50cc no Brasileiro e no Arena com o piloto Heitor Mattos. Em 2022, fomos vice-campeões no Arena Cross com o Ramyller Alves e em 2023 nós conquistamos dois vice-campeonatos, na 50cc, com Pietro Fraga, e na 65cc, com o Vicente Nunes. Além do título na MXJR e os dois títulos no enduro nas categorias principais, com Joaquim Neto, na EJ, e Luciano Rocha, na E3. 

O jovem Pietro Piroli conquistou o título brasileiro de motocross na categoria MXJR. Como avalia a evolução desta jovem promessa do esporte?

Pietro é um jovem talentoso e muito dedicado. Ele gosta muito do que faz, e  isso faz diferença nesse esporte. Muitos são pilotos porque os pais querem, e depois abandonam o esporte ou não se dedicam o suficiente. Agora estou tentando passar minha experiência de piloto profissional – duas participações no Dakar, dez no Sertões e uma no Romaniacs e Six Days, entre outras competições e títulos – para o Pietro, mas passar a experiência da importância de ser um atleta. Muitos pilotos são excelentes tecnicamente na moto, mas não sabem ser atletas, ter a consciência e o prazer de acordar todos os dias às 6 horas e fazer um treino físico e depois na moto etc. Muitos só querem andar de moto, o que não é o suficiente. Quando temos dois pilotos num mesmo nível, aquele que tiver mais preparo físico terá vantagem. Exemplo é como os pilotos do AMA se profissionalizaram nesse sentido. Como chefe de equipe, procuro passar isso para todos nossos pilotos e respectivos pais, caso contrário serão limitados. 

No Enduro, Luciano Rocha e Joaquim Neto conquistaram os títulos em suas respectivas categorias, confirmando que a decisão de apoiar esses pilotos foi certa. Como é trabalhar com eles? 

Luciano e Joaquim são pessoas simples, humildes e dedicados. Lutaram muito durante o ano para obterem as conquistas. Lógico que tiveram altos e baixos durante o ano, e isso os fortaleceram para conseguirem chegar firmes no final e serem campeões. 

O Luciano ainda foi o vice na categoria Elite. O que faltou para ele ser o campeão na geral?

O Lucianinho, como o chamamos, se destacou com a vitória na segunda etapa, na geral. E isso lhe mostrou que não estava longe do título. Na verdade, conquistar o título na geral é um processo mais longo, não se pode cometer erros. Ele evoluiu muito no “flow” dele e com certeza chegará lá em breve. É uma questão de maturidade e segurança, de estar seguro que consegue. Ele também quebrou o pé durante a temporada e fez duas etapas com o ele trincado, o que dificultou muito sua evolução. Mesmo machucado, ele andou muito bem, tanto que muitos chegaram até a duvidar da sua lesão. Mas o raio-x não negava (risos). 

Você também participou no Brasileiro de Enduro e finalizou a temporada em terceiro na categoria E50. Como foi a sua temporada?

O ano de 2023 não foi fácil para mim. Tive duas lesões em 2022, no começo do ano. Na abertura do enduro de 2022 eu rompi o ligamento cruzado, e em novembro, quando estava voltando a treinar, quebrei o punho em um tombo maluco. Com isso, pude pilotar somente duas semanas antes da abertura da temporada 2023 e, então, estava bem fora de forma. Fui melhorando com o tempo e ganhei uma das etapas em Santa Catarina. Terminei o ano em terceiro, mas fiquei feliz com o resultado, tendo passado por tudo isso. 

 

O que achou do campeonato? Mudaria algo no evento?

Os campeonatos brasileiros, de Arena Cross, motocross e enduro, estão ótimos. Lógico que sempre pode melhorar, mas temos que lembrar que estamos no Brasil e as coisas não são fáceis aqui. Muitos criticam muito, mas não têm ideia da dificuldade em organizar um evento. 

Falando sobre as motocicletas, como estão as disponibilidades dos modelos 2024?

Os modelos 2024 já estão a pronta entrega, começamos a entregar os primeiros no final de dezembro. Importante destacar a mudança na geração de enduro e nas pequenas de motocross, de 50cc e 65cc, que estão agora mais um passo a frente da concorrência. 

Qual é o modelo carro-chefe da marca?

O carro-chefe da marca no Brasil é a TE 300, uma moto ícone, divulgada por anos pelo multicampeão Graham Jarvis. 

Além da Husqvarna, o 2W & Fernandes Group representa outras marcas. Você poderia comentar sobre outros produtos?

Nós da 2W estamos trabalhando com a marca italiana Fantic, que vem forte nas competições mundiais, conquistando vários títulos. E vamos estrear com a marca no Brasileiro de Enduro. As primeiras motos chegaram em janeiro, os modelos de rua Caballero, 250 trail e a scooter elétrica, que particularmente me surpreendeu, com 250 km de autonomia. E não posso deixar de destacar as MTBs elétricas da Fantic, que comercializamos desde 2020. 

Também representamos os veículos comerciais da Piaggio, pneus Goldentyre, pneus CEAT, bicicletas KTM e a marca S3, de peças e acessórios especializados no hard enduro. 

O planeta vem passando por grandes crises, inicialmente com a pandemia e agora com as guerras, que têm prejudicado a economia mundial. Como tem sido trabalhar com produtos importados nesse período?

Não temos muitas opções. Com crise ou sem crise, temos que levantar a cabeça e continuar trabalhando para seguirmos em nossa missão. 

E quais são os planos para as competições nesta nova temporada?

Para 2024, continuaremos com as equipes de Arena, motocross e enduro, e iniciaremos uma equipe no hard enduro.

Adalto Gomes Filho

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